28 de abr. de 2014

Separação

        

                


Separação
As palavras que encabeçam esta página tocam um assunto
de vasta importância no cristianismo. Este assunto
é o grande dever de separação do mundo. Este era o ponto
que Paulo tinha em mente quando escreveu aos coríntios,
“Saiam – sejam separados”.
O assunto é um daqueles que demandam a maior atenção
por parte dos que professam e se chamam cristãos. Em
cada época da Igreja, a separação do mundo sempre tem sido
uma das grandes evidências da obra da graça nos corações.
Aquele que realmente nasceu do Espírito e foi feito
nova criatura em Cristo Jesus, está sempre tentando “sair
do mundo” e viver uma vida separada. Aqueles que apenas
Sermão pregado por
J.C.Ryle
1° Bispo da Diocese da Igreja da Inglaterra em
Liverpool
“Por isso saí do meio deles,
e apartai-vos, diz o Senhor” (2 Coríntios 6:17)
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 se chamam de cristãos, mas sem autenticidade, estão sempre
se recusando a “sair e ser separados” do mundo.
O assunto talvez nunca foi tão importante quanto é nos
dias atuais. Há um desejo largamente difundido para fazer
as coisas agradáveis no cristianismo – cortar fora os cantos
e extremidades da cruz, e evitar, tanto quanto for possível,
negar a si mesmo. Em cada parte ouvimos auto-entitulados
cristãos declarando em alta voz que nós não devemos
ser “fechados e exclusivos”, e que não há mal em muitas
coisas que os santos da antiguidade pensaram ser más
para suas almas. Que nós podemos ir a qualquer lugar, e
fazer qualquer coisa, gastar nosso tempo em qualquer coisa,
ler qualquer coisa, mantermos amizade com qualquer
um, e se lançar em qualquer coisa, e tudo isso enquanto
ainda somos bons cristãos – este, este é o discurso de milhares.
Em um dia como este, eu penso nisso atentamente
para erguer uma voz de alerta, e fazer um convite para
atentar ao ensino da Palavra do Senhor. Está escrito na
Palavra, “saí e apartai-vos”.
Há quatros pontos que tentarei mostrar aos meus leitores
examinando este poderoso assunto.
Primeiro, eu tentarei mostrar que o mundo é uma fonte
de grande perigo para a alma.

Segundo, eu tentarei mostrar o que não é o sentido de separação
do mundo.
Terceiro, eu tentarei mostrar em que a real separação
do mundo consiste.
Quarto, eu tentarei mostrar o segredo da vitória sobre
o mundo.
E agora, antes de prosseguir, deixe-me avisar a cada leitor
deste tratado que ele nunca entenderá este assunto a
menos que ele entenda primeiro o que é um cristão verdadeiro.
Se você é daquelas infelizes pessoas que acreditam
que um cristão é aquele que vai a um lugar de adoração, não
importando como ele vive, ou no que acredita, eu temo que
você pouco se importará com separação do mundo. Mas se
você lê a sua Bíblia, e é zeloso com a sua alma, você saberá
que há duas classes de cristãos – os convertidos e os não
convertidos. Você saberá que aquilo que os judeus eram
entre as nações no Velho Testamento, o verdadeiro cristão
é para ser no Novo. Você entenderá o que eu quero dizer
quando eu digo que o sentido de “verdadeiros cristãos”,
de certa maneira, é para ser um “povo peculiar” no Evangelho,
e que deve haver uma diferença entre crentes e descrentes.
Portanto, para você eu faço um apelo especial neste
dia. Enquanto muitos evitam o assunto da separação do
mundo, e muitos certamente o odeiam, e muitos ficam confusos sobre isto, me dê sua atenção enquanto eu tento mostrar
a vocês a coisa como essa separação realmente é.
I. Primeiro, eu tentarei mostrar que o mundo é uma fonte
de grande perigo para a alma.
Lembrando que por mundo, eu não quero dizer o mundo
material onde nós vivemos e nos movemos. Aquele que
aparenta dizer que nada do que Deus criou nos céus acima,
ou abaixo da terra, é em si prejudicial à alma do homem,
diz algo irracional e absurdo. Pelo contrário, o sol, a lua, as
estrelas, as montanhas, os vales, e as planícies, os mares,
lagos e rios – a criação animal e vegetal – todos em si são
muito bons. Tudo está cheio de lições sobre a sabedoria e
o poder de Deus, e todos proclamam diariamente, “A mão
que nos fez é divina”. A ideia que a “matéria” é em si pecaminosa
e corrupta, é uma tola heresia.
Quando eu falo de “o mundo” neste sermão, eu quero dizer
aqueles que pensam apenas ou principalmente nas coisas
deste mundo, e negligenciam as do por vir – as pessoas
que estão sempre pensando mais na terra do que no céu,
mais no tempo que na eternidade, mais no corpo do que na
alma, mais em agradar o homem do que a Deus. É deles e de
seus caminhos, hábitos, costumes, opiniões, práticas, gostos,
alvos, espírito e tom que eu estou falando quando falo
do “mundo”. Este é o mundo do qual Paulo nos fala para

“Sair e ser separado”.
Agora que o mundo, neste sentido, é um inimigo para
a alma, o bem conhecido Catecismo da Igreja da Inglaterra
nos ensina isso bem em seu começo. Ele nos diz que há
três coisas que um cristão batizado é obrigado a renunciar e
deixar, e três inimigos que ele deve combater e resistir. Estes
três são a carne, o diabo e o mundo1. Os três são inimigos
terríveis, e os três devem ser derrotados, se queremos
ser salvos.
Mas, seja o que for que agrade aos homens pensar sobre
o Catecismo, nós devemos nos voltar para o testemunho da
Sagrada Escritura. Se os textos que eu estou para citar não
provam que o mundo é uma fonte de perigo para a alma,
não há sentido nestes palavras.
(a) Vamos ouvir o que Paulo diz:
“E não vos conformeis com este século, mas transformai-
vos pela renovação da vossa mente” (Rm 12:2).
“Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim
o espírito que vem de Deus” (1Co 2:12).
1 NO Catecismo do século XXI da Igreja Anglicana Reformada do Brasil, em sua
pergunta 17, diz:
A que se comprometeram os Pais e Padrinhos no seu Batismo?
Eles se comprometeram em me ensinar três coisas: Primeiro, que devo renunciar ao
demônio e todas suas obras, às atrações vazias e falsos valores deste mundo malvado,
e todos os desejos impuros da carne (Tg 4.7; Ec. 1.2; 1 João 2.16; Ef 5.11; 1 João 2.15-

“entregou a si mesmo pelo nossos pecados, paranos desarraigar deste mundo perverso” (Gl 1:4).
“Nos quais andastes outrora, segundo o curso deste
mundo” (Ef 2:2).
“Porque Demas tendo amado o presente século” (2Tm
4:10).
(b) Vamos ver o que Tiago diz:
“A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus
e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas atribulações
e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo.”
(Tg 1:27)
“Inféis, não compreendeis que a amizade do mundo é
inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do
mundo constitui-se inimigo de Deus.” (Tg 4:4)
(c) Vamos ver o que João diz:
“Não ameis o mundo e as coisas que há no mundo. Se alguém
amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque
tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência
dos olhos e a soberba da vida, não procede do
Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como
a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade
de Deus permanece eternamente.” (1Jo 2:15-17)
“Por isso o mundo não nos conhece; porque não conheceu
a ele.” (1Jo 3:1)
“Eles são do mundo, por isso falam como quem é do

mundo, e o mundo os ouve” (1Jo 4:5)
“Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo”
(1Jo 5:4).
“Sabemos que somos de Deus, e que o mundo inteiro jaz
no Maligno.” (1Jo 5:19)
(d) Por último vamos ver o que o Senhor Jesus diz:
“Mas os cuidados deste mundo... sufocam a palavra, e
ela fica infrutífera” (Mt 13:22).
“Vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo.” (Jo
8:23)
“O Espírito da verdade, o qual o mundo não pode receber;
porque não o vê nem o conhece” (Jo 14:17)
“Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós,
me odiou a mim.” (Jo 15:18)
“Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu;
mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do
mundo, por isso é que o mundo vos odeia” (Jo 15:19)
“No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, eu
venci o mundo.” (Jo 16:33)
“Eles não são do mundo, assim como eu não sou do
mundo.” (Jo 17:16)
Eu não vou comentar estes vinte e dois textos. Eles falam
por si mesmos. Se alguém puder lê-los atentamente, e não
ver que o mundo é inimigo do cristão, e que há uma grande
oposição entre a amizade do mundo e a amizade de Cristo,
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 ele está além do alcance da razão, e é uma perda de tempo
argumentar com ele. Aos meus olhos eles contém um lição
tão clara como o sol do meio dia.
Eu me volto a fatos e experiências a partir das Escrituras.
Eu apelo para que qualquer antigo cristão que mantenha
os seus olhos abertos e saiba o que está acontecendo
nas igrejas. Eu pergunto a ele se é ou não verdade que nada
causa mais dano à fé tanto quanto “o mundo”! Não é o pecado
descoberto ou uma incredulidade exposta, que rouba
Cristo de Seus chamados servos, quanto o amor ao mundo,
o medo do mundo, as preocupações do mundo, os afazeres
do mundo, o dinheiro do mundo, os prazeres do mundo, e
o desejo de manter um bom relacionamento com o mundo
pelos seus benefícios. Esta é a grande rocha que continuamente
tem feito muitos jovens naufragarem. Eles não
contestam qualquer artigo da fé cristã. Eles não escolhem o
mal deliberadamente, nem se rebelam abertamente contra
Deus. Eles esperam de alguma forma ir para o céu no fim;
ele pensam nisso como ter uma fé adequada. Mas eles não
podem desistir de seu ídolo: eles precisam ter o mundo. E
então depois de fazer o bem e ofertar o suficiente para o céu
enquanto garotos e garotas, eles se desviam quando eles se
tornam homens e mulheres, eles descem ao largo caminho
que leva a destruição. Eles começam como Abraão e Moisés,
e terminam como Demas e a esposa de Ló.


Somente o ultimo dia provará quantas almas o mundo
destruiu. Centenas serão encontrados formados em famílias
religiosas, e terão conhecido o evangelho na sua infância,
e ainda assim não chegaram ao céu. Eles deixaram o ancoradouro
do lar com com perspectivas brilhantes, e se lançaram
no oceano da vida com a bênção do pai e as orações
da mãe, e então saíram do curso correto através das seduções
do mundo, e terminaram sua viagem em um banco de
areia e em miséria. É uma triste história para contar; mas
infelizmente, também é comum! Eu não posso ter dúvidas
que Paulo disse: “Saiam e sejam separados”.
II. Deixe-me tentar mostrar o que não é separação do
mundo.
Esse ponto é um daqueles que necessitam de esclarecimento.
Há muitos equívocos que são cometidos a respeito.
Você verá algumas vezes cristãos sinceros e bem intencionados
fazendo coisas que Deus nunca teve em mente que
eles fizessem na questão da separação do mundo, e honestamente
acreditam que estão no caminho devido. Seus equívocos
frequentemente causam um grande mal. Eles dão espaço
para os ímpios ridicularizarem a fé e fornecem a eles
um desculpa para não tê-la. Eles fazem com que o caminho
da verdade seja zombado, e acrescentam a ofensa da cruz.
Eu vejo nisso um pleno dever de fazer alguns esclarecimentos
sobre o assunto. Nós nunca podemos nos esquecer que

 é possível ser sincero, e pensar que nós estamos “fazendo a
obra de Deus”, quando na realidade nós estamos cometendo
um grande erro. Pode existir “zelo sem conhecimento”.
Há algumas coisas sobre as quais é tão importante orar para
um discernimento correto e para um senso cristão comum,
como sobre a separação do mundo.
(a) Quando Paulo diz, “Saiam e se apartem”, ele não
quis dizer que cristãos devem desistir de todas as suas vocações,
comércios, e negócios seculares. Ele não proibiu os
homens de serem soldados, marinheiros, advogados, médicos,
comerciantes, bancários, lojistas, vendedores de porta
em porta. Não há um palavra no Novo Testamento para
justificar uma conduta como esta. Cornélio o centurião, Lucas
o médico, Zenas o advogado, são exemplos do contrário.
Ociosidade em si é um pecado. Uma ocupação legal é
um remédio contra a tentação. “Se alguém não quer trabalhar,
também não coma” (2Ts 3:10). Desistir de qualquer
atividade da vida que não seja algo necessariamente pecaminoso,
para os ímpios ou do diabo, ou pelo medo que algum
mal venha dele, é uma conduta preguiçosa e covarde.
O plano correto é carregar nossa fé para dentro das nossas
atividades, e não desistir delas sobre um pretexto infundado
de que isso interfere em nossa fé.
(b) Quando Paulo disse “Saiam e se apartem”, ele não
quis dizer que os cristãos deveriam parar de se relacionar
com as pessoas não convertidas, e se recusar a participar
de sua sociedade. Não há uma autorização para esta conduta
no Novo Testamento. Nosso Senhor e seus discípulos
não se recusaram ir a uma festa de casamento, ou a se sentar
à mesa de um fariseu. Paulo não diz “Se alguém dos que
não creem convidar você para uma festa”, você não deve
ir, mas apenas nos fala como nos comportar se formos (1Co
10.27). Aliás, é algo perigoso começar a julgar as pessoas
tão rigorosamente, determinar quem é convertido e quem
não é, qual comunidade é santa e qual é ímpia. Nós com
certeza nos enganaremos. Acima de tudo, tal modo de vida
nos tiraria muitas oportunidades de fazer o bem. E se carregarmos
nosso Mestre para onde quer que formos, quem sabe
nós poderemos salvar alguns, sem sofrermos dano?
(c) Quando Paulo diz “Saiam e sejam separados” ele não
quer dizer que os cristãos não devem ter interesse em qualquer
outra coisa na terra que não seja a religião. Ignorar a
ciência, arte, literatura, e política – não ler nada que não
seja diretamente espiritual – não saber nada do que está
acontecendo na humanidade, e nunca ver o jornal – não se
importar com o governo do seu país, e ser totalmente indiferente
as pessoas que definem suas direções e fazem suas
lei – tudo isto parece muito certo apropriado aos olhos de
alguns. Mas eu penso que isto é uma negligência preguiçosa
e egoísta do dever. Paulo sabia o valor de um bom governo,
como um dos principais auxílios “para que tenhamos uma
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 vida tranquila e sossegada, em toda a piedade e honestidade”
(1Tm 2:2). Paulo não tinha vergonha de ler escritores
pagãos, e citar suas palavras em seus discursos e escritos.
Paulo não pensava que era algo abaixo dele mostrar uma
familiaridade com as leis, costumes e profissões do mundo
nas ilustrações que ele nos deu. Cristãos que se ufanam em
sua ignorância das coisas seculares são exatamente os que
trazem desonra para a religião. Eu conheço o caso de um
ferreiro que não viria para ouvir o pastor pregar o Evangelho,
até que ele descobriu que este conhecia as propriedades
do ferro. Então ele veio.
(d) Quando Paulo disse “Saiam e se apartem” ele não
quis dizer que os cristãos deveriam ser únicos, excêntricos,
e peculiares em suas roupas, modos, comportamento ou fala.
Qualquer coisa que atraia a atenção para estas questões
é na sua maior parte repreensível, e deve ser cuidadosamente
evitada. Usar roupas de uma determinada cor,
ou feita com um determinado estilo, que quando você está
acompanhado cada olho está fixo em você, e você é um
objeto de observação geral, é um grande erro. Isso dá margem
para os ímpios ridicularizarem a religião, e parece pretensioso
e artificial. Não há a menor prova que nosso Senhor
e Seus apóstolos, Priscila, Pérside e seus companheiros
(Romanos 16:12), não se vestiam e não se comportavam
como os outros de sua própria classe. Por outro lado, uma
das muitas acusações que nosso Senhor fez contra os Fari15

seus foi de alargarem seus filactérios e aumentarem as franjas
dos seus mantos, para serem “vistos pelos homens” (Mt
23:5). A santidade e a beatice verdadeira são coisas inteiramente
diferentes. Aqueles que tentam mostrar sua separação
do mundo usando roupas evidentemente feias, ou falando
com voz chorosa e fanhosa, ou simulando uma homogeneidade,
humildade e seriedade anormais, de maneira a
perder a sua identidade por completo, e apenas dar oportunidade
para os inimigos do Senhor blasfemarem.
(e) Quando Paulo disse “Saiam e se apartem” ele não
quis dizer que cristãos devem se retirar da companhia da
humanidade, e se isolar. Este é um dos erros gritantes da
Igreja de Roma que supunha que a santidade renomada é
para ser alcançada por tais práticas. É a triste ilusão de todo
um exército de monges, freiras e eremitas. Uma separação
deste tipo não está de acordo com a intenção de Cristo. Ele
diz claramente em Sua última oração, “Não rogo que os tires
do mundo, mas que os guardes do Maligno” (Jo 17:15).
Não há uma palavra em Atos ou nas Epístolas que recomende
tal separação. Os verdadeiros cristão são apresentados
se misturando com o mundo, cumprindo seus deveres nele,
e glorificando a Deus através da paciência, gentileza, pureza,
e coragem em suas diversas posições, e não por uma covarde
deserção deles. Além disso, é tolice supor que nós podemos
manter o mundo e o diabo fora dos nossos corações
nos enfiando em buracos e cantos. A verdadeira religião e
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 separação do mundo são melhores vistas não em abandonando
timidamente o posto em que Deus nos colocou, mas
em defendendo bravamente nosso posto, e mostrando o poder
da graça para vencer o mal.
(f) Por último, mas não menos importante, quando Paulo
disse, “Saiam e se apartem” ele não quis dizer que os cristãos
devem sair de cada igreja em que há membros não convertidos,
ou se recusar a adorar em companhia de qualquer
um que não seja crente, ou se manter afastado da mesa do
Senhor se algum ímpio também for até ela. Este é um erro
bastante comum, mas um erro bem grave. Não há um texto
no Novo Testamento para justificá-lo, e deve ser condenado
como uma pura invenção do homem. Nosso Senhor Jesus
Cristo mesmo deliberadamente permitiu Judas Iscariotes
ser um apóstolo por três anos, e deu a ele a santa ceia. Ele
nos ensinou na parábola do trigo e do joio, que convertidos
e não convertidos estarão juntos até a colheita, e não podem
ser separados. Nas cartas para as sete igrejas, e em todas as
cartas de Paulo, nós frequentemente vemos falhas e corrupções
mencionadas e reprovadas, mas nunca somos informados
que isso justifica abandonar a comunidade, ou ignorar
as ordenanças. Em resumo, nós não devemos procurar
uma Igreja perfeita, uma congregação perfeita, e uma perfeita
companhia de comungantes até as bodas do Cordeiro.
Se os outros são religiosos indignos, ou participantes indignos
da santa ceia, o pecado é deles e não nosso: nós não somos seus juízes. Mas nos afastarmos das reuniões da igreja,
e nos negar as ordenanças cristãs, por causa daqueles que
as fazem indignamente, é tomar um posição tola, irracional
e antibíblica. Não é a intenção de Cristo, e certamente não é
a ideia de Paulo de separação do mundo.
Eu recomendo que todos aqueles que desejam entender a
questão de separação do mundo que ponderem calmamente
estes seis pontos. Sobre cada um deles muito mais pode
ser dito do que eu tenho espaço neste sermão. Sobre cada
um deles eu tenho visto tantos erros cometidos, e tanta angústia
e infelicidade causada por estes erros, que eu quero
colocar os cristão em guarda. Eu não quero que eles tomem
posições apressadamente, no zelo do primeiro amor, que
mais tarde eles serão obrigados a deixá-las.
Eu deixo esta parte do assunto com dois pequenos conselhos,
que eu ofereço principalmente para os novos convertidos.
Eu os aconselho, por um lado, se vocês realmente desejam
sair do mundo, para que lembrem que o caminho mais
curto nem sempre é o caminho mais devido. Brigar com todos
os nossos parentes não convertidos, cortar as antigas
amizades, deixar inteiramente de se misturar com a sociedade,
viver uma vida reservada, desistir de cada ato de cortesia
e civilidade para o trabalho direto de Cristo – tudo isto
 pode parecer muito correto, e pode satisfazer nossa consciência
e nos poupar de problema. Mas eu arrisco uma dúvida
se isso não é um linha de conduta de egoísmo, preguiça
e de auto-satisfação, e se a verdadeira cruz e o cumprimento
do dever for negar a nós mesmo, e adotar uma postura
diferente. Eu os aconselho, por outro lado, se vocês querem
sair do mundo, que vigiem contra um comportamento azedo,
rabugento, antipático, melancólico, desagradável, grosseiro
e nunca esqueçam há algo chamado “ganhar sem palavra”
(1Pe 3:1). Que se empenhem em mostrar às pessoas
não convertidas que os seus princípios, o que quer que pensem
deles, os deixam alegres, amigáveis, bem-humorados,
altruístas, atenciosos para com os outros, e prontos para se
interessar em tudo que é puro e de boa fama. Em resumo,
não deixe haver separação desnecessária entre nós e mundo.
Em muitas coisas, como mostrarei em breve, nós devemos
ser separados; mas tomemos cuidado com a separação
do tipo certo. Se o mundo é ofendido por tal separação nós
não podemos ajudá-lo. Não vamos dar oportunidade para o
mundo dizer que nossa separação é tola, sem sentido, ridícula,
irracional, injusta e antibíblica.
III. Em terceiro lugar eu tentarei mostrar o que a verdadeira
separação do mundo realmente é.
Eu entro neste tópico do meu assunto com uma profunda
noção de sua dificuldade. Que há um linha de conduta
que todos os verdadeiros cristão devem seguir com respeito
ao “mundo e as coisas do mundo”, é bem evidente. Os texto
já citados deixam isso claro. A chave para a solução desta
questão está na palavra “separação”. Mas em que separação
consiste não é tão fácil de explicar. Em alguns pontos não é
difícil estabelecer certas regras; em outros é impossível fazer
mais do que expor alguns princípios em geral, e deixar
cada um aplicá-los de acordo com seu momento da vida. Isto
é o que me esforçarei para fazer agora.
(a) Primeiramente e antes de mais nada, aquele que deseja
“sair do mundo, e ser separado”, deve firme e constantemente
se recusar a ser guiado pelo padrão do mundo de
certo e errado.
A regra da maioria é ir junto com a correnteza, fazer como
os outros, seguir a moda, aceitar a opinião comum, e acertar
seu relógio pelo relógio da cidade. O verdadeiro cristão
nunca estará feliz com uma regra como esta. Ele simplesmente
perguntará, o que diz a escritura? O que está escrito
na Palavra de Deus? Ele perseverará firmemente que nada
do que Deus diz que é errado pode ser certo, e o que os
costumes e a opinião dos vizinhos nunca podem transformar
em trivial o que Deus chama de sério, ou em puro o que
Deus chama de pecado. Ele nunca pensará levianamente de
pecados como beber, praguejar, apostar, mentir, trair, trapacear,
ou na violação do sétimo mandamento, porque eles
são comuns, e muitos dizem: ‘onde está o mal nisso’? Aquele
argumento miserável – “Todo mundo pensa assim, fala
assim, faz isso, estará lá”, não vale nada para ele. É condenado
ou aprovado pela Bíblia? Esta é sua única pergunta.
Se ele ficar sozinho na comunidade, na cidade ou congregação,
ele não irá contra a Bíblia. Se ele tiver que sair dentre a
multidão, e tomar um posição sozinho, ele não fugirá disso
se for para desobedecer a Bíblia. Esta é a separação bíblica.
(b) Aquele que deseja “sair do mundo, e ser separado”,
deve ter muito cuidado como ele gasta seu tempo livre.
Não hesito em avisar cada homem que quer viver uma vida
cristã para ser muito cuidadoso em como ele gasta suas
noites. A noite é o momento quando estamos naturalmente
prontos para relaxar depois das obrigações do dia, e de
noite é a hora quando o cristão é tentado a colocar sua armadura
de lado, e consequentemente colocar sua alma em
problemas. “Então vem o diabo”, e com o diabo o mundo. A
noite é o momento quando o pobre homem é tentando em
ir para um bar, e cair em pecado. A noite é quando o comerciante
frequentemente vai para a pousada-salão, e assenta
por horas ouvindo e vendo o que não é bom para ele. A noite
é hora que as altas classes escolhem para dançar, jogar
cartas, e coisas semelhantes; e consequentemente sempre
vão para a cama tarde da noite. Se amamos nossas almas,
e não nos tornaríamos mundanos, vamos nos importar como passamos nossas noite. Me diga como um homem passa
suas noites, e eu posso genericamente lhe dizer qual é o
seu caráter.
O verdadeiro cristão fará bem em fazer disso uma regra
firme, de nunca desperdiçar suas noites. O que os outros
possam fazer, que ele decida sempre dar tempo para o sossego,
uma calma meditação; para leitura da Bíblia e oração.
Esta regra provará ser difícil de se cumprir. Isso pode trazer
sobre ele as acusações de ser antissocial e rigoroso demais.
Que ele não se importe com isto. Qualquer coisa deste
tipo é melhor que ficar até altas horas em grupo, orações
rápidas, leitura desleixada da Bíblia e uma má consicência.
Mesmo que ele fique só em sua comunidade ou na sua cidade,
que ele não se aparte de sua regra. Ele se encontrará em
minoria, e será visto como um homem excêntrico. Mas esta
é a genuína separação bíblica.
(c) Aquele que deseja “sair do mundo, e ser separado”,
deve firme e constantemente decidir não ser engolido ou
absorvido pelos assuntos do mundo.
Um verdadeiro cristão lutará para cumprir o seu dever
em qualquer situação ou posição que ele se encontre, e o fará
bem. Seja um funcionário público, ou comerciante, ou
banqueiro, ou advogado, ou médico, vendedor, ou fazendeiro,
ele tentará fazer o seu trabalho de forma que nin guém possa achar falha nele. Mas ele não permitirá que isto
fique entre ele e Cristo. Se achar que seu negócio está começando
a tirar dele seus domingos, sua leitura da Bíblia,
seu momento de oração, e trazer nuvens entre ele e o céu,
ele dirá, “Afaste-se! Há um limite. Até aqui você pôde vir,
mas não além disso. Eu não posso vender minha alma por
um lugar, fama, ou ouro”. Como Daniel, Ele terá tempo
para sua comunhão com Deus, qualquer que seja o custo.
Como Havelock, ele negará a si mesmo qualquer coisa antes
de perder sua leitura bíblica e suas orações. Em tudo isto
ele verá que ele se opõe quase sozinho. Muitos rirão dele,
e dirão a ele que ele vai se dar bem o suficiente sem ser tão
rigoroso e excêntrico. Ele não dará atenção a isto. Ele firmemente
manterá distância do mundo, qualquer que seja
a perda ou sacrifício que isso possa exigir. Ele preferirá escolher
ser menos rico e próspero neste mundo, do que não
prosperar com respeito a sua alma. Permanecer sozinho
neste caminho, caminhar na contra mão, exige um imensa
auto negação. Mas esta é a genuína separação bíblica.
(d) Aquele que deseja “sair do mundo, e ser separado”,
deve firmemente se abster de todos os entretenimentos e
recreações que estão inseparavelmente conectadas com o
pecado.
Este é um assunto difícil de lidar, e é com pesar que eu
o abordo. Mas eu não acredito que eu seria fiel a Cristo, e
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fiel a minha função de ministro, se eu não falasse bem claramente
sobre isso, considerando tal assunto como separação
do mundo.
Deixe-me, então, dizer honestamente, que eu não posso
entender que qualquer um que tenha alguma pretensão
de uma religião real e cheia de energia, possa se permitir
a corridas e teatros. Consciência, sem dúvida, é uma coisa
estranha, e cada homem deve julgar por si mesmo e usar
sua liberdade. Um homem não vê mal em coisas que outro
homem considera com aversão como mal. Eu posso apenas
dar a minha opinião sobre o que é válido, e suplicar aos
meus leitores para considerar seriamente o que eu digo.
Que olhar cavalos correndo a toda velocidade é em si
perfeitamente inofensivo, nenhum homem sensato vai negar.
Que muita peças, tais como de Shakespeare, estão entre
as mais finas produções do intelecto humano, é igualmente
inegável. Mas tudo isto não é a questão. A questão é
se não estão as corridas de cavalo e teatro na Inglaterra inseparavelmente
ligadas com coisas absolutamente imorais.
Eu afirmo sem hesitação que elas estão ligadas. Eu afirmo
que a violação dos mandamentos de Deus invariavelmente
acompanha a corrida e a peça, e que você não pode ir ao entretenimento
sem evitar pecar.
Eu suplico a todos os que se declaram cristãos que lembrem
disto, e prestem atenção no que eles fazem. Eu os aviso claramente que eles não tem direito de fechar seus olhos
para fatos que toda pessoa inteligente sabe, pelo simples
prazer de ver um corrida de cavalos, ou escutar a bons atores
ou atrizes. Eu os aviso que eles não devem falar de separação
do mundo, se eles emprestam seus consentimentos
para entretenimentos que estão sempre ligados a jogo,
aposta, bebedeira, e fornicação. Estas são coisas que Deus
julgará. O fim destas coisas é morte.
Palavras duras estas, sem dúvida! Mas elas não verdadeiras?
Pode parecer aos seus parentes e amigos muito puritano,
rigoroso e restrito, se disser a eles que não pode ir a
corridas ou ao teatro com eles. Mas nós devemos voltar aos
princípios. O mundo é ou não um perigo para a alma? Nos
separamos ou não do mundo? Estas são questões que só podem
ser respondida de uma única maneira.
Se nós amamos nossas almas nós não devemos ter nada
a ver com entretenimentos que estão ligados ao pecado. Nada
a menos do que isto pode ser chamada de genuína separação
bíblica do mundo.
(e) Aqueles que desejam “sair do mundo, e ser separados”,
devem ser moderados na prática de recreações legais
e inocentes.
Nenhum cristão sensato jamais pensará em condenar to25

das as recreações. Em um mundo de desgaste como o que
vivemos, ocasionalmente relaxar e descansar é bom. Para
o corpo e para a mente é necessário um tempo de atividades
mais suaves, e oportunidades de se regozijar, especialmente
quando se é jovem. Exercício em si é uma necessidade
positiva para preservação da saúde física e mental. Eu
não vejo mal em críquete, remo, corrida, e outras recreações
atlética vigorosas. Eu não acho culpa naqueles que jogam
xadrez e jogos similares de inteligência. Nós somos todos
feitos de forma assombrosa e maravilhosamente. Não
me admira o poeta dizer –
“Estranho que uma harpa com mil cordas
Mantêm-se em harmonia por tanto tempo”
Qualquer coisa que fortalece nervos, cérebro, digestão,
pulmões, músculos, e nos faz mais aptos para a obra de Cristo,
com tanto que não seja em si pecaminoso, é uma bênção,
e deve ser agradecidamente utilizada. Qualquer coisa que
ocasionalmente divergirá nossos pensamentos de seu estado
normal de tensão de uma maneira saudável, é um bem e
não um mal.
Mas é o excesso destas coisas inocentes que um verdadeiro
cristão deve vigiar, se ele quer ser separado do mundo.
Ele não deve dedicar todo o seu coração, alma, mente,
força, e tempo a elas, como muitos fazem, se ele deseja servir a Cristo. Há centenas de coisas lícitas que são boas
com moderação, porém más quando em excesso: um medicamento
saudável em pequenas quantidades pode ser um
completo veneno quando ingeridos em grandes doses. Da
mesma forma isto é verdade também na questão de recreações.
O uso delas é uma coisa, e o abuso delas é outra coisa.
O cristão que as utiliza deve saber quando parar, e como
dizer Pare! Basta! Elas interferem na sua comunhão com
Deus? Elas ocupam muito dos seus pensamentos e da sua
atenção? Elas têm um efeito secularizador em sua alma?
Elas têm uma tendência de puxá-lo para a terra? Então que
ele fique firme e tome cuidado. Tudo isto irá requerer coragem,
auto negação, e firmeza. É uma linha de conduta que
frequentemente trará sobre nós escárnio e desprezo daqueles
que não sabem o que é moderação, e passam suas vidas
fazendo triviais coisas sérias e sérias coisas triviais. Mas se
nós temos intenção de sair do mundo, nós não devemos nos
importar com isto. Nós devemos ser “temperados” mesmo
em coisas lícitas, o que quer que os outros possam pensar
de nós. Isto é separação bíblica genuína.
(f) Por último, mas não menos importante, aquele que
deseja “sair do mundo, e ser separado” deve ser cuidadoso
em como ele se permite ter amizades, intimidades, e relacionamentos
próximos com pessoas seculares.
Nós não podemos evitar encontrar muitas pessoas não
convertidas enquanto estivermos vivos. Nós não podemos
evitar nos relacionarmos com eles, e fazer negócios com
eles, a menos que “saíamos do mundo” (1Co 5:10). Tratá
-los com o máximo de cortesia, bondade, e generosidade toda
vez que os encontrarmos, é um dever com certeza. Mas
conhecer é uma coisa, e amizade íntima é algo bem diferente.
Procurar sua sociedade sem uma causa, escolher sua
companhia, cultivar intimidade com eles, é muito perigoso
para a alma. A natureza humana é não tão solida que nós
podemos passar muito tempo com outras pessoas sem afetar
nosso próprio caráter. O velho provérbio nunca falha:
“Me digas com quem andas, que te direi quem és”.
As escrituras dizem expressamente, “Quem anda com os
sábios será sábio; mas o companheiro dos tolos sofre aflição”
(Pv 13:20). Se, então, um cristão, que deseja viver consistentemente,
escolhe como seus amigos aqueles que não
se importam com suas almas, ou com a Bíblia, Deus, Cristo,
santidade, ou as consideram como de importância secundária
me parece impossível para ele prosperar na sua fé. Ele
descobrirá em breve que os caminhos deles não são os dele,
nem os pensamentos deles como os seus, nem o gosto deles
como o seu; e que, a menos que eles mudem, ele deverá
desistir da intimidade com eles. Em resumo, deve haver
separação. Claro que tal separação é dolorosa. Mas se nós
temos que escolher entre a perda de um amigo e ferir nossas
almas, não deve haver dúvida em nossas mentes. Se os
 amigos não andarão no caminho estreito conosco, nós não
devemos andar no caminho largo para agradá-los. Mas entender
claramente que tentar manter uma intimidade entre
um convertido e um não convertido, se ambos são consistentes
em seu modo de ser, é tentar algo impossível.
O princípio aqui estabelecido deve ser lembrado cuidadosamente
por todos os solteiros na escolha de um marido
ou esposa. Eu receio que isso é com frequência inteiramente
esquecido. Muitos parecem pensar em tudo exceto na religião
na escolha de parceiro para a vida, ou supor que isso
virá de alguma forma em uma questão de tempo. Mesmo
quando um cristão que ora, lê a Bíblia, teme a Deus, ama a
Cristo, guarda o domingo, e casa com alguém que não tem
qualquer interesse em uma religião séria, no que pode resultar
senão feridas no cristão, ou uma imensa infelicidade?
A saúde não é contagiosa, mas a doença é. Como uma
regra geral nesses casos, o bom desce ao nível do mau, e
não o mau sobe ao nível do bom. O assunto é delicado, e
eu não me importo de me prolongar nele. Mas isto eu digo
com confiança para cada solteiro cristão homem ou mulher
– se você ama sua alma, se você não quer se cair e voltar para
erro, se você não quer destruir sua própria paz e conforto
pelo resto da vida, decida nunca se casar com qualquer
pessoa que não seja um cristão minucioso, apesar de tudo
o que essa decisão possa te custar. É melhor você morrer
do que casar com um descrente. Permaneça nesta decisão,

e não deixe ninguém te persuadir do contrário. Aparte-se
desta decisão, e você verá que é quase impossível “sair e ser
separado”. Você se verá com uma pedra de moinho redonda
amarrada ao seu pescoço enquanto corre a corrida em
direção ao céu, e se for salvo afinal será “como que pelo fogo”
(1Co 3:15).
Eu ofereço esses seis conselhos genéricos para todos que
desejam seguir o conselho de Paulo de sair do mundo e ser
separado. Dando-os, eu não coloco ter a intenção de infalibilidade,
mas acredito que eles merecem consideração e
atenção. Eu não esqueço que o assunto é cheio de dificuldades,
e que pontos de casos duvidosos estão continuamente
se levantando na caminhada cristã, nos quais é muito difícil
dizer qual é o caminho do dever, e como se comportar.
Talvez os pequenos conselhos a seguir possam ser úteis.
Em todos os casos duvidosos nós devemos primeiro orar
por sabedoria e discernimento. Se a oração tem algum valor,
deve ser especialmente valiosa quando desejamos fazer
o certo, mas não vemos como. Em todos os casos duvidosos
vamos frequentemente nos provar lembrando do olhar
de Deus. Eu devo ir a tal lugar, ou fazer tal coisa, se eu realmente
acredito que Deus está me vendo? Em todo os casos
duvidosos não vamos jamais esquecer da segunda vinda de
Cristo e do dia do julgamento. Eu gostaria de ser encontrado
em tal lugar e com tal companhia, ou empregado em tal
lugar e de tal maneira? Finalmente, em todos os casos duvidosos, devemos conhecer qual foi a conduta dos melhores
e mais santos cristãos sob circunstâncias similares. Se
nós não vemos claramente nosso próprio caminho, nós não
precisamos ter vergonha de seguir bons exemplos. Eu lanço
todas estas sugestões para o uso de todos que estão em
dificuldades sobre ponto discutíveis na questão de separação
do mundo. Eu não posso evitar pensar que eles podem
ajudar a desatar muitos nós, e resolver muitos problemas.
IV Eu concluirei agora todo o assunto tentando mostrar
os segredos de uma real vitória sobre o mundo.
Sair do mundo é claro que não é uma coisa fácil. Não
pode ser fácil porquanto a natureza humana é o que é, e
um demônio ocupado está sempre perto de nós. Isso requer
uma constante luta e esforço; implica em um conflito incessante
e auto negação; frequentemente nos coloca exatamente
em uma posição contrária aos membros de nossas
próprias famílias, relacionamentos e vizinhos; às vezes nos
obriga a fazer coisas que são uma grande ofensa para eles,
e traz sobre nós escárnio e perseguição mesquinha. É precisamente
isto que faz com que muitos se encolham e mantenham
uma distância da religião escolhida. Eles sabem que
não estão certos, eles sabem que não são tão “cuidadosos”
no serviço a Cristo como eles deveriam ser, e eles ficam desconfortáveis
e preocupados. Mas o medo do homem os seguram.
Eles passam boa parte da vida com dores, corações
31
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desgostosos – com religião demais para ser feliz no mundo,
e com muito do mundo para ser feliz em sua religião. Eu temo
que este é um caso muito comum, se a verdade fosse revelada.
Ainda assim há alguns em cada idade da vida que parecem
conseguir a vitória sobre o mundo. Eles saem decididamente
de seus caminhos, e são inconfundivelmente separados.
Eles são independentes em suas opiniões, e inabaláveis
por sua oposição. Eles seguem em frente como planetas em
uma órbita própria, e parecem se elevar igualmente acima
dos sorrisos ou das carrancas do mundo. E quais são os segredos
da vitória deles? Eu os registrarei abaixo.
(a) O primeiro segredo da vitória sobre o mundo é um
coração correto. Por isto eu quero dizer um coração renovado,
mudado, e santificado pelo Espírito Santo – a um coração
em que Cristo habita, um coração em que as velhas
coisas se passaram, e eis que tudo se fez novo. A grande
marca de tal coração é o viés de seus gostos e suas afeições.
O proprietário de tal coração não gosta mais do mundo, e
das coisas do mundo, e portanto não vê nisso dificuldade ou
sacrifício para desistir delas. Ele não tem mais apetite pela
companhia, conversação, entretenimentos, ocupações e livros
que uma vez ele amou, e “sair” deles parece natural para
ele. Definitivamente é o poder expulsivo do novo princípio!
Assim como na nova primavera botões em uma cerca
 viva de faias empurram as folhas velhas, e fazem elas caírem
suavemente até o chão, assim o novo coração de um
crente invariavelmente afeta seus gostos e preferências, e
faz com que ele pare com muitas coisas que uma vez amou
e nelas viveu, porque ele agora não gosta mais delas. Deixe
aquele que que “sair do mundo, e ser separado” ter a certeza
que primeira e principalmente ele tem um novo coração.
Se o coração é realmente correto, tudo mais ficará bem na
hora certa. “Se os teus olhos forem bons, todo teu corpo terá
luz” (Mt 5:22). Se as afeições não são direitas, nunca haverá
ação direitas.
(b) O segundo segredo da vitória sobre o mundo é uma
fé vívida e prática naquilo que não se vê. Diz as Escrituras:
“e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1Jo 5:4).
Para alcançar e manter o hábito de olhar firmemente para
as coisas invisíveis como se elas fosse visíveis; colocar ante
nossas mentes a cada dia, como grandes realidades, nossas
almas, Deus, Cristo, céu, inferno, julgamento, eternidade;
para acalentar um convicção permanente de que o que nós
não vemos é tão real quanto aquilo que vemos, e dez mil vezes
mais importantes, este segredo é o único caminho para
sermos conquistadores sobre o mundo. Esta foi a fé que
fez com que o exército nobre de santos descritos no capítulo
onze de Hebreus obtivesse tal glorioso testemunho do Espírito
Santo. Todos eles agiram sob a firme convicção que eles
tinham um Deus real, um Salvador real, e um lar real no
33
www. p r o j e t o r y l e . c o m . b r
céu, embora não vistos por olhos mortais. Armado com esta
fé um homem considera este mundo como uma sombra do
mundo por vir, e importa-se pouco com seu elogio ou censura,
sua hostilidade ou suas recompensas. Deixe que aquele
que quer sair do mundo e ser separado, mas se encolhe e
não avança por medo das coisas visíveis, ore e lute para ter
esta fé. “Tudo é possível ao que crê” (Mc 9:23). Como Moisés,
ele verá que é possível abandonar o Egito, vendo Aquele
que é invisível. Como Moisés, ele não se importará com o
que perde e com quem está descontente, porque ele vê mais
adiante, como alguém olhando através de um telescópio para
uma recompensa (Hebreus 1:26).
(c) O terceiro e último segredo da vitória sobre o mundo
é alcançar e cultivar o hábito de audaciosamente confessar
Cristo em todas as situações apropriadas. Dizendo
isto eu não estaria equivocado. Eu não quero que ninguém
toque trombeta diante dele, e empurre sua fé sobre os outros
o tempo inteiro. Mas eu desejo encorajar a todos que
lutem para sair do mundo e mostrar suas cores, agir e opinar
abertamente como homens que não tem vergonha de
servir a Cristo. Uma firme e tranquila afirmação de nossos
próprios princípios como cristãos – uma habitual prontidão
para deixar as crianças do mundo verem que nós somos
guiados por regras diferentes das que eles são, e isto
não quer dizer desviar deles – uma calma, firme e cortês
manutenção de nosso padrão das coisas em cada com34
www. p r o j e t o r y l e . c o m . b r panhia – tudo isto imperceptivelmente formará um hábito
dentro de nós, e tornará relativamente fácil ser um homem
separado. Será difícil a princípio, sem dúvida, e nos
custará muitas lutas; mas quanto mais continuamos, mais
fácil será. Atos repetidos de confessar a Cristo produzirão
hábitos. Hábitos uma vez formados produzirão um caráter
firme. Nossos caráteres uma vez conhecidos, nos salvarão
de muitos problemas. Os homens saberão o que esperar de
nós, e não acharão algo estranho se eles nos virem vivendo
a vida de um povo separado e singular. Aquele que agarra
a urtiga mais firmemente sempre ficará menos machucado
do que o homem que a toca com uma mão trêmula. É
algo fabuloso ser capaz de dizer “Não” decididamente, mas
de uma forma cortez, quando solicitado para fazer algo que
a consciência diz que é errado. Aquele que mostra suas cores
audaciosamente desde o princípio, e nunca se envergonha
de deixar os homens verem “de quem ele é e a quem ele
serve”, em breve verá que tem vencido o mundo, e será deixado
sozinho. Uma confissão audaciosa é um grande passo
em direção a vitória.
Apenas me resta concluir todo o assunto com algumas poucas
palavras de aplicação. O perigo do mundo destruir a alma,
a natureza da verdadeira separação do mundo, os segredos da
sobre o mundo, estão todos diante do leitor deste tratado. Eu
peço agora para me dar sua atenção pela última vez, enquanto
eu tento dizer algo diretamente para seu benefício pessoal.
(1) Minha primeira palavra será uma pergunta. Leitor,
você está vencendo o mundo, ou você está sendo vencido
por ele? Você sabe o que é sair do mundo e ser separado, ou
você ainda está embaraçado por ele, e se conforma com ele?
Se você tem qualquer desejo de ser salvo, eu rogo que você
responda esta pergunta.
Se você não sabe nada sobre essa “separação” eu quero
avisá-lo afetuosamente que sua alma está em grande perigo.
O mundo passa, e aqueles que se apegam ao mundo, e
pensam apenas no mundo, passarão com ele para uma ruína
eterna. Desperte para saber que o perigo que você corre
antes que seja tarde demais. Desperte e fuja da ira por
vir. O tempo é curto. O fim de todas as coisas está às portas.
As sombras estão se alongando. O sol está se pondo. A noite
vem quando nenhum homem pode trabalhar. O grande
trono branco breve será estabelecido. O julgamento começará.
Os livros serão abertos. Desperte e saia do mundo enquanto
é dia.
Ainda um pouco, e não haverá mais ocupações seculares
e entretenimentos seculares – sem mais ganhar dinheiro
ou gastar dinheiro – sem mais comer, beber, festejar,
vestir, bolas rolando, teatros, corridas, cartas, apostas. Leitor,
o que você fará quando estas coisas tiverem passado para
sempre? Como você poderá ser feliz em um céu eterno,
onde santidade é tudo em tudo, e a secularidade não tem
lugar? Oh, considere estas coisas, e seja sábio! Desperte, e
quebre as correntes que o mundo lançou ao seu redor. Desperte
e fuja da ira por vir.
(2) Minha segunda palavra será um conselho. Leitor, se
você quer sair do mundo, mas não sabe o que fazer, aceite
este conselho que eu lhe dou neste dia. Comece pedindo isso
diretamente, como um pecador arrependido, para o nosso
Senhor Jesus Cristo, e coloque o seu caso em suas mão.
Derrame seu coração diante Dele. Conte a Ele toda sua história,
e não esconda nada. Conte a Ele que você é um pecador
querendo ser salvo do mundo, da carne, do diabo, e rogue
a Ele para lhe salvar.
Este abençoado Salvador “deu a si mesmo por nossos pecados,
para nos livrar do presente século mau” (Gl 1:4).
Ele sabe o que o mundo é, porque ele viveu nele por trinta
e três anos. Ele conhece quais são as dificuldades de um
homem, porque Ele foi feito homem por nossa causa, e habitou
entre homens. Exaltado no céu, à destra de Deus, Ele
é capaz de salvar a absolutamente todos aqueles que vem a
Deus por Ele – capaz de nos guardar do mal do mundo enquanto
ainda nós estamos vivendo nele – capaz de nos fazer
mais que vencedores. Leitor, mais uma vez eu digo, vá direto
para Cristo com a oração da fé, e coloque-se inteiramente
e sem reservas em Suas mãos. Por mais difícil que possa
parecer a você agora sair do mundo e ser separado, você verá que com Jesus nada é impossível. E você, até mesmo você,
vencerá o mundo.
(3) Minha terceira e última palavra será de encorajamento.
Leitor, se você aprendeu por experiência o que é sair
do mundo, eu posso apenas dizer a você que conforte-se e
persevere. Você está no caminho certo, você não tem razão
para temer. As colinas eternas estão à vista. Sua salvação
está mais próxima do que quando você creu. Conforte-se e
continue.
Sem dúvida você tem tido muitas batalhas, e dado muitos
passos em falso. Você algumas vezes se sentiu pronto a
desmaiar, e com isto disposto a voltar para o Egito. Mas seu
Mestre nunca deixou você inteiramente, e Ele nunca deixará
você ser tentado acima daquilo que você é capaz de lidar.
Então persevere firmemente em sua separação do mundo,
e nunca se envergonhe de se opor sozinho. Estabeleça isso
firmemente em sua mente, que os cristãos mais decididos
são os mais felizes, e lembre-se que ninguém jamais disse
no fim da sua caminhada que foi santo demais, e que viveu
perto demais de Deus.
Ouça, por último de tudo o que está escritos nas Escrituras
da verdade:
“E digo-vos que todo aquele que me confessar diante dos homens, também o Filho do homem o confessará diante
dos anjos de Deus” (Lc 12:8).
“Ninguém há, que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs,
ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos, por amor de
mim e do evangelho, que não receba cem vezes tanto, já
neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos,
e campos, com perseguições; e no mundo vindouro a vida
eterna.” (Mc 10:29-30).
“Não lanceis fora, pois, a vossa confiança, que tem uma
grande recompensa. Porque necessitais de perseverança,
para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, alcanceis
a promessa. Pois ainda em bem pouco tempo aquele
que há de vir virá, e não tardará.” (Hb 10:35-37)
Leitor cristão, estas palavras foram escritas e faladas para
o seu bem. Lance mão delas, e nunca as esqueça. Persevere
até o fim, e nunca se envergonhe de sair do mundo, e
ser separado. Esteja certo que isto trará sua própria recompensa.


7 de jan. de 2014

As 12 pedras para serem restauradas em nossa vida

As 12 pedras para serem restauradas em nossa vida

I REIS 18: 30
Para Deus operar em nossas vidas é preciso estar com o altar altíssimo
O altar estando restaurado Deus age
Cada vez que aparece uma barreira em sua vida Deus irá agir a seu favor
Com Deus meus amados, água pega fogo.
As 12 pedras para serem restauradas em nossa vida
1º - Pedra da Humildade
JEREMIAS 1: 6
“Então, disse eu: Ah! Senhor JEOVÁ! Eis que não sei falar; porque sou uma criança.”
2º - Pedra da Renúncia
HEBREUS 11: 24
“Pela fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó.”
3º - Pedra da Gratidão
LUCAS 17: 16
“E caiu aos seus pés, com o rosto em terra, dando-lhe graças; e este era samaritano.”
4º - Pedra da Comunhão
SALMOS 133: 1
“Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!”
5º - Pedra da Fé
DANIEL 3: 17
“Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará do forno de fogo ardente e da tua mão, ó rei.”
6º - Pedra da obediência
GÊNESIS 22: 2
“E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi.”
7º - Pedra da Misericórdia
MATEUS 9: 13ª
“Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não sacrifício.”
8º - Pedra do Perdão
JOÃO 8: 11b
“Nem eu também te condeno; vai-te e não peques mais.”
9º - Pedra da Paz
SALMOS 4: 8
“Em paz também me deitarei e dormirei, porque só tu, SENHOR, me fazes habitar em segurança.”
10º - Pedra da Consciência
I TIMÓTEO 1: 5
“Ora, o fim do mandamento é a caridade de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida.”
11º - Pedra da Esperança
SALMOS 145: 5
“Falarei da magnificência gloriosa da tua majestade e das tuas obras maravilhosas.”
12º - Pedra da Adoração
I CRÔNICAS 16: 29
“Dai ao SENHOR a glória de seu nome; trazei presentes e vinde perante ele; adorai ao SENHOR na beleza da sua santidade.”
Deus quer agir em nossas vidas.
Só depende de cada um de nós

Como está o nosso altar diante de Deus?